A Jornada de Fé e Perseverança do Missionário Agnaldo Barreto no Amapá
Em 1988 aos 20 anos de idade o Missionário Pr. Agnaldo Belo Barreto, (ainda solteiro), foi enviado pelo GIDEÕES MISSIONÁRIOS DA ÚLTIMA HORA (GMUH)- Camboriú/Santa Catarina a cidade São Jorge/Guiana Francesa para desenvolver um trabalho missionário com a etnia PALIKUR, dando assistência também na aldeia central: KUMENÊ.
Em 1989 retornou a Camboriú onde contraiu matrimônio com Marinete Machado; voltando ao Amapá com sua esposa, foram abrir trabalho na vila do Carvão-município de Mazagão, sua cidade natal. Lá construíram o primeiro templo e batizaram os 9 primeiros crentes.
Em 1990 ao ouvir um hino da cantora Mara Lima em que um trecho dizia “Missões muitos têm vontade, mas falta coragem para reagir, até o que é chamado fica ali parado, não quer decidir. O tempo cada vez passando vai e vem os anos e não volta mais. E se vai a mocidade, chega a idade e você não vai […]”
Procurou o Pr. Lucifrancis Barbosa Tavares, na época, vice presidente da CEMEADAP e comunicou o desejo de regressar a São Jorge para dar continuidade à obra naquele lugar.
Lá nasceu seu filho primogênito, Jhonatas Machado Barreto, agora não eram mais dois e sim três. Recebiam apenas um salário mínimo, que não era suficiente por causa da alta inflação na época. A partir daí, vendo a necessidade de arcar com as demais despesas, compravam o básico “do básico” e com o restante do dinheiro compravam caixas de ovos (no Brasil-Oiapoque) para revenderem em franco que era a moeda francesa na época, aumentando assim a renda para poder esperar o próximo salário.
Em uma dessas idas ao Brasil, para comprar mantimentos e os ovos que os ajudavam com as despesas, aconteceu uma situação que marcou suas vidas. No retorno a São Jorge, já entrando na aldeia por um igarapé, onde só os indígenas possuíam acesso, o igarapé estava seco, ele (Pr. Agnaldo) caminhava por cima de troncos de açaízeira, caiu e quebrou os ovos, ocorrendo isso ele chorou, pois ali estava parte da sua manutenção. Juntou alguns ovos que ainda estavam inteiros e outros pela metade, seguiu até a casa onde morava. Sua sogra Maria Onete da Silva estava lá, tinha ido ajudá-los após o nascimento do Jhonatas. Ela, se deparando com a situação e vendo a aflição do seu genro, pegou o restante dos ovos e fez rosquinhas para serem vendidas, os índios não gostaram, acharam doce demais. Vendo isso, surgiu a ideia de fazer pão, mas eles não tinham forma; na época o óleo de cozinha era vendido em lata e sua sogra confeccionou então as formas com essas latas. O fogão era de duas bocas, com um forninho, assavam os pães de dois em dois, mas essa foi a porta que Deus abriu para que eles aumentassem sua renda e continuassem o trabalho missionário.
Em 1991 foram para o Bailique, um arquipélago composto por diversas ilhas, que eram assistidas unicamente pelo Pr. Agnaldo Belo Barreto. O meio de transporte utilizado eram canoas: à vela e a remo.
Neste período aquela localidade foi assolada pela epidemia de cólera, que atingiu muitas pessoas. Haviam duas vilas separadas pelo rio, de um lado, evangélicos: vila Macedônia. E do outro, católicos: vila Progresso. O medo tomava conta de todos. Podiam ouvir gritos e choros vindos da vila Progresso dos familiares de pessoas atingidas pela doença.
Entretanto, na vila macedônia onde utilizavam a mesma água (do rio), Deus usou o seu servo, Pr. Agnaldo, dizendo-lhe que quando o povo evangélico fosse pegar água, sob suas mãos estariam as mãos do Senhor queimando todo vibrião colérico. Na vila Macedônia ninguém foi atingido pela cólera.
Em 1992 foi para o campo do Ajuruxi, onde obtiveram o privilégio de receber a visita do ilustre pr. Cesino Bernadino (in memorian), Presidente do Gideões Missionários da Útima Hora (GMUH). Lá a residência pastoral era uma palafita feita de palha, o almoço neste dia era banana verde frita, com chá de canela. Ao avistarem o nobre pastor sentiram um misto de alegria e constrangimento, mas ele com sua humildade e simplicidade fez com que se sentissem a vontade. Passaram um dia muito feliz, em comunhão.
Em 1993 até 1995 pastorearam a igreja do município de Pracuúba. Onde suas vidas foram marcadas pela providência divina. Havia um templo muito antigo, prestes a desabar. E sem recursos financeiros o Pr. Agnaldo com alguns obreiros ia para mata tirar açaí enquanto sua esposa, ir. Mari, com algumas irmãs preparavam o material para ser feito o açaí e depois saíam para vender com o intuito de arrecadar recursos para a construção.
Houve um 7 de setembro em que acontecia os desfiles das escolas, eles foram para rua vender comidas. Com o dinheiro das vendas conseguiram juntar o valor de dez sacos de cimento, que deveriam ser comprados logo, por causa da inflação. O valor foi repassado para um vereador do município que se identificava como crente, para que ele comprasse. Pegou o dinheiro e sumiu. O Pr. Agnaldo indo atrás do vereador para receber o cimento, o encontrou, mas ele fingiu que nem o conhecia.
Ele voltou frustrado e triste. No culto expôs a situação para igreja e pediu oração.
Tempos depois, o referido vereador foi procurá-lo, só que desta vez, sendo conduzido por alguém, pois estava cego. Pediu-lhe perdão e pediu também para que orassem para que ele voltasse a enxergar, o Pr. Agnaldo o perdoou, orou por ele; mas ele não tinha dinheiro para devolver.
Mas como o nosso Deus é um Deus de providência, em uma bela manhã de domingo, alguém interrompeu a escola bíblica dominical procurando o pastor da igreja, era um senhor de idade avançada que olhava para a igreja e dizia a sua filha “É essa a igreja que Deus me mostrou”. Abriram a carroceria da caminhonete e entregaram dez sacos de cimento.
Se tratava da família do pr. José Pinto de Araújo (in memorian), sua filha Mirlene e seu genro Pr. Eliezer, que a partir de então tornaram-se amigos e cooperadores da obra por onde o Pr. Agnaldo passou. E o templo foi erguido, para a glória de Deus.
Em 1996 foram para o campo da vila do Maruanun I e II. Neste lugar Deus levantou uma irmã chamada Catarina Chagas, técnica em enfermagem, que muito os ajudou.
Em 1997 foram para o município de Santana. Onde passaram 5 anos.
No ano de 1998, nasceu sua filha caçula, Thallita Machado Barreto.
Um período de muito aprendizado em sua vida ministerial.
Em 2001 foram para o município de Amapá .
Deus usou seu filho, Pr. Agnaldo e família para ganhar almas para Cristo, os novos convertidos eram pessoas influentes na sociedade e permanecem até os dias atuais exercendo funções e contribuindo para o crescimento da igreja.
Passaram dois anos e alguns meses neste campo.
Em 2004 assumiram a igreja do distrito de Fazendinha. Onde passaram praticamente 10 anos e o Senhor fez prosperar grandemente este trabalho, foram construídas 6 congregações e uma residência pastoral e o nome do nosso Deus foi glorificado.
Ali a família vivenciou 3 momentos de luto. A perda de seus entes queridos: Erivaldo Belo Barreto (irmão do pr. Agnaldo); Rosalina dos Santos Barreto (sua genitora) e Maria Onete da Silva (sua sogra). Mas foram amparados e acolhidos pela igreja, com muito amor e carinho, e assim conseguiram superar a dor da perda. E a obra não parou.
Em 25 de novembro de 2013 foi empoçado no campo do município de Oiapoque.
Havia em seu coração um forte sentimento de que Deus o faria retornar a fronteira, onde tudo começou, para dar prosseguimento ao trabalho missionário com os indígenas, povo a quem ele tanto ama.
Antes de ir para Oiapoque, fez inúmeras provas com Deus, para confirmar e compreender seu propósito para que assim permanecesse no centro da sua vontade.
Após 4 anos e praticamente 9 meses, o plano de Deus tem se confirmado. O Senhor tem ouvido a oração do seu ungido e movido pessoas de vários lugares do Brasil e até de outros países, que unem-se a esse propósito fazendo com que a obra prospere a cada dia mais.
Como prova de que as promessas de Deus se cumprem e de que o tempo dele é diferente do nosso, que devemos nos posicionar no lugar da benção, atender ao seu chamado vou lhes contar um testemunho:
No ano de 1990, ainda moço, com apenas 22 anos, acompanhado de sua esposa que estava grávida de seu filho primogênito, usavam o transporte popularmente conhecido como “pau de arara” receberam uma profecia de um pastor do Rio de Janeiro, conhecido como Júlio do Pandeiro, que disse-lhe “Eis que eu te colocarei como cabeça neste estado.”
Deus o honrou, hoje como cumprimento da profecia, o Pr. Agnaldo Belo Barreto é o terceiro vice presidente da CEMEADAP, Convenção a qual faz parte desde 1988.
Pr. Hueslen Ricardo Santos
Coordenador do Sistema de Comunicação dos Gideões Missionários da Última Hora